HOMEM DE FERRO : VÍRUS
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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOMalha de nanotubos de carbono de camada dupla.DESCRIÇÃOVer malha de nanotubos de carbono, Petição Provisória para Patente das Indústrias Stark
[editado] para descrição da malha de camada simples. A malha da nanotubos de carbono de
camada dupla incrementa a capacidade protetora e é construída com o propósito de
preencher o vazio entre as camadas com um gel que absorve choques ou outro material que
atenua impactos.ARGUMENTOCom um material interpolado, espera-se que a capacidade protetora da malha de nanotubos
de carbono de camada dupla exceda a da malha de camada simples numa proporção de oito
para dez. (Ver tabela anexada de resultados experimentais preliminares.) Experimentação
futura encontra-se em andamento para investigar a possibilidade de usar o espaço intercalar
para a instalação de sistemas de energia e sensores, usando nanomodularidades distribuídas
sem depender de estruturas de transmissão unificadas como fios e circuitos, que seriam
facilmente prejudicados ou quebrados por impactos contra as camadas superiores da
armadura.STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sob os auspícios dos acordos firmados entre as Indústrias Stark e o
Departamento de Defesa, a S.H.I.E.L.D. e outras agências governamentais definidas pelo
decreto [editado], o decreto [editado] e a resolução [editado]. A tecnologia é propriedade
das Indústrias Stark, mas será totalmente compartilhada com todas as entidades elegíveis. A
tecnologia é secreta e não será licenciada até a revogação do tempo de sigilo.Você vai pegar um desses e levar ao Laboratório de ITR de Tony, vai mostrar para
elee vai esfregar a cara dele ali o quanto for necessário.Até extrair as respostas que
expliquem suas ações.Essas foram as ordens que Rhodey ouviu de dentro de um turbocóptero, saído
da Ilha do Governador para o tranquilo subúrbio de Long Island, onde o
laboratório de Tony repousava num amontoado de instalações da indústria leve.
Um estacionamento de caminhões aqui, um distribuidor de cerveja acolá, um
depósito de autoarmazenagem do outro lado da rua com anúncio de promoção dos
espaços subterrâneos. O turbocóptero pousou no estacionamento do laboratório,
ignorando as leis aéreas, e Rhodey saiu enquanto as pás ainda executavam seu
girar invisível sob o céu ensolarado. Caminhou, abaixado, recebendo o jato de ar,
e entrou com tudo pela porta da frente. Pepper estava lá, para encontrá-lo, no
saguão.
– Rhodey – disse. – Vai com calma.
– Sei por que está dizendo isso – disse Rhodey –, mas não dá mais pra ir com
calma.
Encontrou Tony fazendo algo ao protótipo com um sensor cujos fios finos
levavam de volta ao terminal central de controle. O terminal, Rhodey reparou,
fora completamente reconstruído após o surto do protótipo na semana anterior,
quando ele ganhou um monte de inchaços e hematomas, cortesia de um raio de
pulso e um encontro íntimo com uma das portas da plataforma de carregamento.
O que Rhodey não gostava de todo aquele cenário era o fato de saber que
Fury chegaria em exatamente dezenove minutos. Vinte desde o pouso do
turbocóptero, como registrado na Ilha do Governador. Fury ordenara isso
também, e Rhodey aceitara por ser um soldado. Ganhara capital pessoal
suficiente para questionar Fury, mas não para começar uma guerra absoluta na
hierarquia de comando, então quando Fury mostrou o plano, ele registrou suas
objeções, mas abandonou-as quando o outro lhe disse que a situação não
comportava negociações.
– Por favor – disse Pepper. – Sei como ele é babaca. Mas vai estar lá quando
você precisar dele.
– E se tivéssemos precisado dele ontem? – Rhodey perguntou. Ele deixou a
pergunta pairando no ar, odiando-se por fazer isso porque sabia que estava
esfregando algo na cara da moça, descontando nela o que sentia por conta de algo
que ela não podia controlar. Mas a S.H.I.E.L.D. precisava de Tony Stark. A
América precisava de Tony Stark. Isso era muito maior do que os sentimentos.
Pepper virou-se e foi até Tony, que não dera sinal algum de ter registrado a
presença dela, nem a chegada de Rhodey. Mas quando os dois chegaram mais
perto dele, ele disse:
– Rhodey, meu velho chapa. Veio aqui acabar comigo, e eu mereço. Não
discordo. Vou tomar meu remédio feito um menino crescido. Pode despejar em
mim qualquer coisa que Fury tenha decretado.Bom, pensou Rhodey. Então vai ser assim.
– Vou te dar o remédio do Fury sim. Mas primeiro vou dar o meu, só meu, pra
você. Nada a ver com a S.H.I.E.L.D. – Ele subiu na plataforma de controle central.
– Você nos deixou na mão, Tony. Poderíamos ter dito que o Hulk estava comendo
a droga do Empire State montado nas costas do Godzilla e você teria ficado aqui
no laboratório, trabalhando na sua armadura. Você nos deixou. Aconteceu que
você estava certo. Demos conta dessa vez. Mas você nos deixou.
Tony fitava-o nos olhos o tempo todo. Quando Rhodey terminou de falar, ele
disse:
– Não deixei, Rhodey. Escolhi uma prioridade. É melhor eu ir correndo ajudar
você a varrer um monte de fuligem de canhão da Hidra ou aproveitar esse tempo
pra aperfeiçoar a armadura que vai fazer diferença na próxima vez que algo ruim
de verdade aparecer? Como gastar melhor o meu tempo?
– Não sei. Mas sei que você se comprometeu a responder um chamado, e
quando o chamado veio você não apareceu.
– Não. Só reconheci as falhas na estrutura. É o que venho fazendo aqui
também. A S.H.I.E.L.D. tem falhas. Minhas outras armaduras tinham falhas. Essa
vai ser perfeita, e então quando a S.H.I.E.L.D. ligar, vou estar lá. Mas uma dúzia
de agentes da Hidra com M-16s? Precisam de mim pra isso?
Rhodey ficou furioso. Possesso. Ficou tão irritado que foi a maior dificuldade
do mundo não meter um direto de esquerda na cara de Tony ali mesmo.
– Você é quem decide quais são essas falhas? Deixa eu te mostrar uma coisa.
Se importa de ir lá fora?
Uma incerteza estranha pairou sobre o rosto de Tony.Como se ele soubesse
que teria que ver algo que não gostaria de ver, pensou Rhodey, o que era verdade.
– Estou um pouco ocupado – Tony respondeu.
– Um pouco? – Rhodey retrucou. – Matei nove pessoas hoje. Não foi a
primeira vez que aconteceu, provavelmente não será a última. Mas teve uma
coisa interessante dessa vez. Um deles está lá fora, e acho que você precisa ver
quem é. Isso, claro, se você conseguir se afastar pelo menos um pouco desse
computador.
Ele levantou-se, os olhos ainda grudados em Tony. Este ficou muito tempo
sem fitar o amigo, e quando o fez, Rhodey teve a sensação de que ele tinha
ficado em dívida, ainda que, se alguém devia alguma coisa a alguém, era Tony
quem estava do lado errado da história.
– Tá, vamos lá – disse Tony, passando por Rhodey e Pepper em direção ao
saguão que levava à porta de entrada. Ela fitou Rhodey nos olhos depois que ele
passou, e ele pôde ler a mensagem: Vai com calma.
Mas não dava mais para ir com calma.
– Parece que a Hidra andou conseguindo avançar na área da clonagem – disse
Rhodey conforme cruzavam o estacionamento, na direção da aeronave da
S.H.I.E.L.D. – Isso não fazia parte do modus operandi deles.
Tony não dizia nada. Apenas acompanhava o passo de Rhodey, mas este
sabia que a mente do amigo estava em outro lugar.
– Então, aqueles nove caras que eu matei hoje? Eram todos o mesmo. Muito
curioso ficar imaginando qual deles seria o original. Ou se o original esteve lá, ou
se ainda está vivo. Esse tipo de ideia acaba passando pela cabeça da gente.
– Se você diz… – disse Tony.
Rhodey acenou com a cabeça conforme os dois se aproximaram da porta
traseira do helicóptero. Era um modelo de ataque leve, feito para carregar de seis
a oito agentes além de dois na tripulação, na frente. A porta que ele abriu era
grande o bastante para três homens pularem juntos. Encontraram a traseira da
aeronave vazia, exceto por um saco deitado ao comprido logo atrás da porta.
– Você começa até a achar que deve ter um clone seu por aí, e o que ele tem
feito, e se sabe que é um clone seu – disse Rhodey. Ele parou, segurando entre os
dedos o zíper do saco preto. – Tony. Preste atenção. Isso é importante.
– Não me trate como criança, Rhodey. – disse Tony. – Pode estar bravinho
porque não fui no seu bangue-bangue, mas não me trate como criança.
– Você não sabia que era um bangue-bangue – Rhodey retrucou. Ele meteu o
dedo no peito de Tony para certificar-se de ter sua total atenção. – Até onde
você sabia, o mundo podia estar acabando e mesmo assim você teria ficado no seu
laboratório até que a própria morte entrasse valsando pela porta. É este o
problema. Não é que você estava certo; é que você supôs que estava certo,
porque você é o Tony Stark e não pode nunca estar errado.
Rhodey puxou o zíper, abrindo o saco preto.
– Olhe, Tony. Olhe com bastante calma.
O rosto do cadáver ainda não havia perdido toda a cor devido à lividez post
mortem. A boca estava ligeiramente aberta, assim com um dos olhos. O maxilar
era forte e bem barbeado, o cabelo, castanho claro, raspado bem curtinho. Tony o
fitou por um bom tempo.
– O nariz não está quebrado – disse, finalmente.
– Clones, Tony. Eles não deviam mandá-los pra campeonatos de boxe pra
ganhar todas as cicatrizes de Happy. Agora por que será que a Hidra resolveu
fazer cem clones de Happy Hogan? – Rhodey esperou Tony olhar para ele, mas o
homem não conseguia tirar os olhos do rosto do clone morto.
– Happy mora no Brooklyn – disse, finalmente. Rhodey não entendeu nada, e
teve a sensação, pelo tom de voz, que não era mais com ele que Tony estava
falando, afinal.
– Fale comigo – Rhodey pediu. – Tem alguma coisa acontecendo aqui. Isso foi
uma mensagem. A Hidra sabia que não havia como fazer muito estrago com esses
caras. O que está por trás disso?
– Brooklyn – Tony repetiu. Ele voltou ao laboratório, e quando Rhodey o
seguiu, Tony parou na entrada, bloqueando-a, e não saiu enquanto o amigo não
voltou para o turbocóptero, para voar de volta à Ilha do Governador. Este ligou
para Nick Fury no meio do trajeto, dizendo que não se desse ao trabalho de ir até
lá. Teve a sensação de que algo havia saído terrivelmente do controle, mas não
sabia o quê.
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