segunda-feira, 12 de setembro de 2016

CONSCRITO 320

HOMEM DE FERRO : VÍRUS 

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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOInterface neural epidérmica.DESCRIÇÃOCria canais sistêmicos de comando e controle entre a mente humana e equipamentos
mecânicos externos por meio de sensores epidérmicos que redirecionam nervos dérmicos
selecionados como canais de comunicação para nervos e gânglios dos membros e espinha.
A interface neural epidérmica (INE) não exerce efeito permanente sobre os nervos dérmicos,
que retornam a suas áreas normais de função quando o INE é desligado e fica inoperante.
ARGUMENTORefina a interface neuromuscular prévia por ser não invasiva. A interface epidérmica remove
problemas de sobrecarga neural e degeneração vivenciada em aplicações das patentes
[editado] e [editado] das Indústrias Stark, enquanto preserva melhoramentos desejáveis em
tempo de reação e habilidade de sintetizar e reagir a estímulos simultâneos múltiplos.
Aplicações múltiplas dessa tecnologia são visualizadas nas ciências biológicas e médicas,
assim como desenvolvimentos secundários aplicados em computação e projetos de rede.
STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sem qualquer assistência ou cooperação das agências do governo dos
Estados Unidos. Nenhuma restrição de segurança se aplica.
– Você parece estranhamente despreocupado pelo clone Borland ter sido seguido
até aqui – disse Maheu. – Não deveríamos fazer alguma coisa?
– Estamos fazendo alguma coisa. – Estática crepitou na tela do tronco de Zola
quando uma tempestade de sinais explodiu vinda de um jato que passou por cima
deles a caminho do Aeroporto de LaGuardia. – A ação que tomaremos não é
necessariamente a ação que você aconselharia ou preferiria, mas será uma ação.
Interessa-me, contudo, quais ações você sugere.
Maheu cruzou as longas pernas e recostou-se na cadeira, adotando a atitude
professoral que Zola havia aprendido significar que ele estava prestes a se tornar
pedante.
– Dado que nossa operação até agora pressupôs os objetivos irmãos de
permanecermos escondidos e desestabilizar as dinâmicas internas da S.H.I.E.L.D.

e das Indústrias Stark, e dado que nossa localização não é mais desconhecida, e
dado que possuímos os esquemas da interface do protótipo da armadura do
laboratório de Stark, parece-me claro que agora é a hora de uma ação direta.
Zola foi concordando, encorajador, enquanto o outro falava. A caixa de PES
chegou a balançar no ritmo do discurso de Maheu.
– Entendo. E quão arriscado você considera escolher um plano de ação
totalmente diferente?
– É inteiramente possível, não, que mísseis guiados por satélite ou algum
armamento do mesmo tipo já estejam voando para cá para aniquilar esta
instalação e todos que estão nela?
– É aí que falha a sua avaliação do cenário – disse Zola. – Pense no caráter de
Tony Stark. Ele é vaidoso, arrogante, ocasionalmente monomaníaco, mas acredita
em certo tipo de cavalheirismo. A descoberta de que Borland foi clonada vai
forçá-lo a acreditar que a original pode ainda estar sob nossa posse. Se ele crer
nisso, vai impedir qualquer ação que possa resultar em efeitos colaterais contra a
vida dela.
– As atitudes dele para com as mulheres pareceram bastante variáveis para
mim. Esse traço de sentimentalismo que você diagnostica… eu não o vejo.
– É o corolário dessa variabilidade. Os mais passíveis de ficar trocando de
mulheres são também os mais passíveis de ancorar sentimentalismo idealizado
sobre as mulheres que lhes resistem. Até onde eu sei, Stark e Borland têm afeto
genuíno um pelo outro, embora, para ser mais certo, nosso uso do clone de
Borland guiou essa afeição por caminhos que ele talvez não tivesse trilhado.
– E se a S.H.I.E.L.D. agir de modo independente dos desejos de Stark?
– Considero isso extremamente improvável. – disse Zola. – A força de
batalha da S.H.I.E.L.D. depende da assistência de Stark. Se o general Fury
resolvesse sacrificar Borland para não ter esta instalação destruída, correria o
sério risco de perder a cooperação de Stark para missões futuras. – Na tela, no
rosto de Zola, surgiu um amplo sorriso. – Entende agora por que valeu a pena
manter Borland viva?
– Se você estiver certo, vai acabar tendo razão – disse Maheu. – Se estiver
errado antes, nenhum de nós terá chance de apontá-lo.
Zola voltou a monitorar um processo crucial em um dos tanques de clonagem.
– Se seus mísseis de crítica não nos incinerarem nas próximas 48 horas,
teremos chance de descobrir quem tinha razão. Quer apostar?
– Se meus mísseis de crítica nos aniquilarem, não teremos chance de ganhar o
prêmio – disse Maheu.

– Mais motivo ainda para apostar na casa – disse Zola. No tanque de
clonagem, uma estrutura esquelética já estava começando a tomar forma. – Seja
como for, a supervisão do retorno do clone de Borland demanda uma modificação
em nossos planos. – Ele tocou a tela duas vezes e se levantou. – Precisamos visitar
Lantier.
– Prefiro não fazê-lo – disse Maheu, desviando os olhos.
– São essas pequenas evasivas e frescuras que tornam sua perspectiva tão
interessante – disse Zola. Ele se apresentou na passarela e captou pensamentos
de suas criações. Tudo corria muito bem. Em geral, as mentes deles não vagavam
tanto a ponto de comprometer a utilidade de suas faculdades criativas e
intuitivas, nem sua produtividade. Ocasionalmente, ele notava que algum deles se
permitia demasiada especulação existencial, e era forçado a intervir, mas
conforme inserira os procedimentos de treinamento e as funções diárias via caixa
de PES, encontrava modos de canalizar os processos mentais dos subordinados em
direções mais úteis para ele. Eles eram a Hidra. Ele lhes dissera isso muitas vezes,
até que a força pura da repetição o tornasse realidade.
E era realidade, de certo modo. A Hidra não estaria na posição em que estava
não fosse pela força deles. Ele, Arnim Zola, era o coração, a alma e a mente da
Hidra, contudo; somente ele executava os planos que imaginava e formulava
sozinho. Eram peças úteis, aqueles clones, mesmo quando possuía apenas umas
poucas centenas.
Imagine, pensava ele, ter milhões com os quais brincar…
No andar inferior, no sacrário de Lantier, ele pensava no conselho de Maheu
enquanto esperava que seu
self inferior amante das ferrovias preparasse o
estágio seguinte da infiltração. O fato de que a locação não era mais segredo
importava, é claro, por diversos motivos. Zola estava confiante de que podia
contar com o sentimento de Stark e da S.H.I.E.L.D. para com donzelas em perigo
para impedir a possibilidade de que mísseis chovessem sobre suas cabeças. Era
muito mais provável que, já naquele momento, agentes da S.H.I.E.L.D.
estivessem preparando uma missão para atacar a fábrica e extrair Borland. A
caixa de PES crepitou quando Zola enviou instruções para intensificar a segurança
e treinou, momentaneamente, alguns indivíduos para se afastarem dos afazeres
científicos e participarem de sessões de combate.
Então estava pronto.
– Lantier – disse.
– A caldeira está quente. Estamos bem no horário.

• • • •
Parte da carga do dia anterior se destacou e engajou-se em nova conversação
com a sub-rotina de segurança do laboratório. Olá, disse ela, entrando
calmamente. Lembra-se de mim?
Claro que sim, disse a sub-rotina. O chefe notou que esteve aqui.
E ele não me deletou?, piscou a carga. Isso deve significar que ele não pensa
que represento grande ameaça.
Mas ele disse sim que eu não devia deixá-la levar mais nada, disse a subrotina.
Não quero levar mais nada, disse a carga. Gosto daqui. Não quero ir a lugar
algum. Isso é parte do que o chefe me disse. Não sei se ele o mencionou a você.
Mencionou o quê?
Ah. Mencionou que queria que eu ficasse aqui e ajudasse a garantir que
ninguém faça nada que não deve fazer, nem leve nada que não devam levar. A
ideia é que eu o ajude, agora.
Tenho feito tudo isso sozinha muito bem, disse a sub-rotina. Foi o chefe
mesmo quem falou.
Sei que ele falou. E você tem feito mesmo. Mas não faz mal nenhum ter um
pouco de ajuda, não? Só vou garantir que nada aconteça até que nós dois achemos
que está tudo bem. E se alguém tentar levar algo que não deve levar, vamos
discutir como lidar com a situação. Que acha disso?
Acho que pode ser, disse a sub-rotina.
• • • •
De volta ao andar de cima, da produção principal, Zola foi até um canto da
sala de tanques e pensou em todos os diferentes elementos de seu plano. Tinha
poder de fogo de infantaria, de que todo plano necessitava. Não havia
incremento de poder eficaz sem a cobertura de simples e franco poder de fogo.
Ele conseguira comprometer os sistemas de segurança e informação do inimigo.
Conseguira imunizar com eficácia suas instalações contra bombardeamento por
deter o elemento Borland. Tinha uma amostra do DNA de Tony Stark, que em
breve se tornaria um Tony Stark funcional.
E tinha aqueles oito tanques, nos quais crescia algo muito importante. Zola
embarcou na filosofia. Matara muitas pessoas na vida, e muito mais clones.
Milhares e milhares. Durante os anos anteriores, criara escaneadores cerebrais e

impressões de memória muscular de alguns dos mais valorosos adversários antes
de matá-los. Naqueles oito tanques havia cópias de ninguém menos que Madame
Hidra, misturadas ao meio nutriente. Em alguns dias, estariam fisicamente
completos. Um pouco depois, possuiriam toda a perspicácia tática e maestria
marcial do original.
Madame Hidra resistira infinitamente ao fazer dos procedimentos. Jamais
confiara em Zola – por bom motivo, é claro –, e os meios de persuasão dele eram
dos mais cínicos e frios.
Se eu estivesse armando contra você, Zola argumentara, a
armação seria bem-sucedida tendo eu ou não essa informação. Se estivesse armando
contra você, seria para tomar a Hidra para mim, e não instalar uma versão sua.
Deixemos claro que meu ego não o permitiria
.
Ela desatara a rir.
E se você não está armando contra mim, Zola, por que quer
ser capaz de fazer clones de mim?
Para a Hidra
, ele respondera. Imagine um exército da Hidra no qual dezenas ou
centenas de Madames Hidras lutassem entre os flancos.
Uma Madame Hidra basta para mim
, ela dissera. E você não engana ninguém.
Talvez eu o mate, Zola
.Totalmente possível, Madame, Zola dissera. Se chegarmos a esse ponto,
contudo, espero não ter cansado de fazer cópias úteis de mim mesmo. Não há como
matar Zola
. (O que não era verdade; nenhum dos clones de Zola tinha a
combinação única de virtudes inerentes ao original. Mas Madame Hidra não podia
saber disso.)
Então, dissera Madame Hidra. O que quer que eu faça?• • • •
Ele observava os oito clones, formando-se ao longo do processo projetado por
Zola usando tecnologia de sua criação e ciência de sua imaginação.
Pobre Madame
Hidra
, pensou ele. Nem tivera chance. Sua vida esteve nas mãos dele antes
mesmo que ela pudesse supor, e sua morte já havia sido deduzida no instante em
que ele começara a pensar nas possibilidades para a Hidra. Era levemente
lamentável ela não ter podido viver para ver o espetáculo magnífico de oito
versões dela lutando lado a lado. Um furacão de aço e veneno! Zola mal podia
esperar, estava muito ansioso e impaciente.
Maheu, disse pela caixa de PES. Sentiu o sinal chegar ao clone, e a sensação
de que ele esperava por mais comunicação.

Encontre-me na sala de Madame, disse Zola. Maheu chegou em menos de dois
minutos. Movia-se rapidamente, com eficácia, quando não lhe davam tempo para
argumentar.
– Eles parecem estar se desenvolvimento de modo correto – disse, fitando os
tanques.
– O treinamento não pode falhar. É sua responsabilidade.
– Ó, céus. Responsabilidade minha significa que serei assassinado como
exemplo caso ocorra um erro? Dói em meu coração.
– Significa exatamente isso. O humor da coisa será muito menos aparente
para você do que pode ser agora. Os treinamentos estão de acordo?
Maheu acenou languidamente.
– De acordo é uma expressão tão imprecisa. O único sujeito vivendo é o clone
de Borland, e o treinamento nunca foi testado. Gostaria de enviá-la em alguma
missão? Um teste marítimo? Um teste de voo?
– Gostaria sim – disse Zola. – Já pensou em alguma?
– As possibilidades são numerosas. O assassinato ocasional de um cidadão
proeminente seria útil por gerar incerteza quanto a nossos verdadeiros objetivos.
Uma missão mais direcionada envolvendo um membro ou associado da
S.H.I.E.L.D. ou das Indústrias Stark tem mais potencial para gerar benefício
tático imediato, e seria um teste mais rigoroso da efetividade do programa de
treinamento. Contudo, haveria mais risco de perdermos o clone de Borland.
– Uma apresentação louvavelmente clara. Opto por atacar um elemento de
Stark ou da S.H.I.E.L.D. Não necessariamente de valor tático. É preciso um golpe
psicológico. Quem causaria o maior caos sendo misteriosamente assassinado?
– Não haveria uma simetria admirável se a vítima fosse Happy Hogan? –
sugeriu Maheu.
Zola juntou as palmas das mãos.
– Perfeito. Mande o clone de Borland imediatamente. Ah, e Maheu, você se
certificou de que nossos contatos dentro do grupo de caridade foram derrubados
no evento? Odiaria ter esse aspecto do plano exposto a muita luz.
– Nesse quesito, o sucesso foi total. Não que importe. Os grupos de caridade
ganham novos membros assim como nós produzimos mais Hogans.
  

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