segunda-feira, 12 de setembro de 2016

CONSCRITO 324

HOMEM DE FERRO : VÍRUS 

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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOConversores de força em nanoescala (CFN).DESCRIÇÃOProjetados para uso num gel absorvente de choques e otimizado para elementos existentes
nos sistemas de armadura pessoal das Indústrias Stark (ver lista anexada de patentes
existentes relevantes pendentes), os conversores de força em nanoescala consistem numa
concha de fulereno em torno do equipamento de nanotubos alinhado ao fulereno por um
campo elétrico dentro do gel. A energia do impacto causa uma rotação adicional ao
equipamento, que o fulereno leva, através do gel, até a interface de reserva cinética (patente
[editado] das Indústrias Stark, pendente). A energia cinética de rotação do equipamento é
transmitida ao reservatório cinético (patente [editado] das Indústrias Stark, pendente).
ARGUMENTOTecnologias existentes de diminuição de impacto dispersam energia cinética por atenuação
através de um meio elástico, mas a pressão excessiva danifica o objeto protegido tanto pela
transformação do calor quanto pela transmissão de impacto além da capacidade do meio
elástico em questão. Como parte do gel absorvente de choques de propriedade das
Indústrias Stark, os CFNs capturam e armazenam a energia do impacto com mínima
transformação de calor e atenuação de força enormemente aumentada. Além desse incremento
na atenuação da força, os CFNs representam um avanço tremendo na captura de energia de
impacto e seu uso para alimentar sistemas existentes dos produtos da armadura pessoal das
Indústrias Stark.
STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sem qualquer assistência ou cooperação das agências do governo dos
Estados Unidos. Nenhuma restrição de segurança se aplica.
Tony não podia se concentrar em tudo. Nas doze horas anteriores, ele estivera no
Monte Sinai, na Torre Stark, na Ilha do Governador, de volta ao Laboratório de
ITR, e voltara à ilha. As instalações médicas mais avançadas da S.H.I.E.L.D.
ficavam lá, e os médicos acabavam de começar a analisar os danos causados a
Happy e que passos poderiam tomar para contorná-los. Ele quase morrera uma
dezena de vezes, e a polícia de Nova York aproveitara aquela para declarar uma

guerra territorial contra a S.H.I.E.L.D. relativa ao suspeito do assassinato de
Serena Borland. Fury mexia todos os pauzinhos que sabia mexer, e o mesmo fazia
Tony, mas não havia como manter em segredo por muito tempo a identidade da
morta. A informação já vazara para blogs e a pressão crescia em cima dos
relações públicas da polícia, para que confirmassem a especulação.
Tinham de lidar também com a família Borland. Eles não viam a filha desde a
noite do desastre no Met e não queriam aceitar as garantias de Tony de que ela
estava bem. O que, pensava ele, era perspicaz, visto que ele não tinha mesmo
certeza se ela estava, de fato, bem. Se aparecesse morta na fábrica de chocolate,
isso seria ainda mais difícil de explicar do que como ela veio a atacar um
empregado da empresa do namorado (para todos os blogs e programas de fofoca
da TV, Tony era namorado dela) com uma espada de samurai, levando três tiros
em decorrência.
Desligou o telefone, após falar com o advogado da família Borland, que, por
uma feliz coincidência, também trabalhara bastante em disputas de propriedade
intelectual das Indústrias Stark, e foi falar com o capitão Suresh Singh, o cirurgião
militar que liderava o tratamento de Happy. Pepper já estava falando com ele.
Ela não dormia desde que ouvira do ataque, e não conseguira falar com Happy
porque os médicos estavam mantendo o seu metabolismo num estado
semicomatoso enquanto rastreavam o que restava das toxinas.
O capitão Singh estava saindo quando Tony chegou aonde ele estivera
conversando com Pepper.
– O que ele disse, Pep?
– Ele vai viver. É só o que sabem com certeza. – Pepper assoou o nariz e
olhou ao redor, procurando uma lata de lixo. – Se tiver sorte, não vai ter dano
permanente no fígado nem no pâncreas, mas os nervos em torno do ferimento
talvez nunca se recuperem totalmente. – Ela fechou os olhos e respirou fundo,
lentamente. Quando os abriu novamente, focou Tony. – O que posso fazer?
– Você pode ficar por aqui, é o que pode fazer. Resolveremos as coisas no
laboratório.
– Tony, se eu ficar aqui, vou enlouquecer. Happy vai sobreviver. Quando ele
acordar, vão me ligar e virei pra cá nem que tenha que sequestrar um helicóptero.
– O que Tony pensou que ela seria muito capaz de fazer, embora não soubesse
pilotar. Era a Pepper; daria um jeito. – Não posso fazer nada por ele agora. – ela
disse. – Mas lá fora, posso ajudar. Vamos.
– Tudo bem. Vamos.

Era confortante ver o chefe de volta ao comando, ele pensou enquanto
seguiam para o heliponto. Quinze minutos depois, quando estavam pousando no
estacionamento principal do Laboratório de ITR, Tony quase riu ao ver o circo
armado. Veículos blindados da S.H.I.E.L.D. e equipes de combate corriam por todo
canto como se já estivessem sendo atacados. Turbocópteros vibravam no ar,
enquanto comandos aéreos com propulsores a jato pessoais praticavam suas
formações.
– Há quanto tempo vem fazendo isso? – Tony perguntou assim que encontrou
Rhodey.
– O dia todo. Esses soldados já estão irritados, isso eu posso dizer. – Quando
entraram onde estava quieto, ele acrescentou: – As coisas estão esquentando na
fábrica de chocolate. Acho que não vai demorar muito.
• • • •
Levou quase exatamente doze horas. Aos dezessete minutos para a meianoite, uma dúzia de turbocópteros da S.H.I.E.L.D. saíram do curso e sumiram do
céu, dando piruetas, e caíram gerando uma série de explosões ouvidas por
quilômetros ao redor do laboratório. O resto da equipe da S.H.I.E.L.D. sublevouse em atividades pré-combate. Tony via as expressões nos rostos dos soldados;
sombrias, sim, mas estavam prontos para a ação. Se um soldado sabe que existe
uma batalha para acontecer, ele quer que aconteça logo.
– Que diabos é aquilo? – Fury quis saber.
– Seu radar registrou algo chegando?
– Não. E o seu?
– Não temos sinal – disse Pepper, do terminal de controle.
– Sabe o que eu acho? – Tony olhava pela porta aberta da plataforma de
carregamento. – Acho que Zola está nos dando uma demonstração da sua caixa de
PES.
– O monitoramento da fábrica de chocolate diz que eles não saíram.
Fury vestira a armadura típica da S.H.I.E.L.D. para a ocasião, e portava uma
arma de infantaria padrão da empresa, uma versão do HK416 com alguns
incrementos saídos dos Laboratórios de Infantaria Tática das Indústrias Stark.
Sirenes vieram de todas as direções conforme os corpos de bombeiros locais
vinham trabalhar nas aeronaves tombadas.
Tony foi até o terminal de controle e abriu a versão beta da estrutura de
controle imediato.

– Espero que funcione – disse.
Depois foi até a moldura na qual ficava o protótipo da armadura e deixou-se
ser escaneado. Quando o visor piscou em verde, ele colocou os pés nas marcas, e a
armadura o envolveu suavemente.
– O que acha da novidade? – ele perguntou a Fury.
– Legal. Funciona?
– Bom, ainda não testei tudo. Mas o que testei até agora funciona.
Tony hesitou um pouco em ligar o sistema de controle imediato. Um friozinho
no estômago lembrou-o de que muita coisa podia dar errado.
O celular tocou. De dentro da armadura, ele atendeu.
– Sr. Stark – disse uma voz desconhecida.
– Ele mesmo. Deixe-me adivinhar. Você é Arnim Zola e ligou pra me oferecer
uma chance de me render.
– Deve ter visto o infeliz problema vivenciado pelos pilotos dos helicópteros.
Posso fazer algo similar mais uma vez caso você tenha achado a demonstração
muito pouco convincente.
Tony colocou a conversa num dos alto-falantes do terminal para que Fury e
os comandos da S.H.I.E.L.D. posicionados na área de testes pudessem escutar.
– Certo, Zola. Qual é o sentido da conversa, então? Saímos com as mãos para
cima ou o quê?
– Nada disso. Eu apenas gostaria de entrar para que possamos discutir
questões urgentes frente a frente.
– Serena Borland está viva?
Zola riu.
– Ah, sr. Stark, essa é uma carta que não está pronta para o jogo. Posso
entrar?
– Você trouxe um amigo?
– Vários. Um deles é de grande interesse para você.
– Então pode entrar.
Fury olhou-o como se achasse que ele enlouquecera. Tony encerrou a ligação
e disse:
– Matriz, Nick. Vamos tentar; se não funcionar, comece a atirar.
– A não ser que ele domine as nossas mentes e acabemos matando uns aos
outros – Fury rosnou.
Tony afastou a ideia com um aceno.
– Aqui não, não vai. Tem toda uma interferência de infrassom e energia de
baixo espectro saindo da armadura. Você não vai notar na intensidade em que

está, mas tenho certeza de que vai zoar a caixa de PES de Zola.
– Certeza – Fury repetiu.
Arnim Zola entrou pela porta da plataforma de carregamento.
– Bem, lá está ele – disse Tony. – A mais nova cabeça da Hidra, que, ele
mesmo, não tem uma cabeça.
Visto ao vivo, em pessoa, Zola era realmente um espetáculo. O corpo em si
era ossudo e musculoso, sem dúvida no intuito de suportar o peso da tela de TV e
da caixa de PES. Era um pouco mais alto do que Nick Fury, que não era pequeno, e
o rosto que aparecia na tela era uma caricatura do Além-Homem nietzschiano. A
caixa de PES em si era um conjunto retangular de lentes e antenas protegido por
uma cobertura transparente que Tony supôs ser algum tipo de vidro à prova de
balas projetado para proteção máxima e interferência mínima.
– Vejo que tomou providências para atenuar a função de meus poderes
extrassensoriais – disse Zola.
– Gostamos de manter um controle mental mínimo por aqui – disse Fury. Ele
mirava bem no centro da tela. Tony perguntou-se se aquele seria o local certo no
qual atingir Zola; onde ficariam os órgãos vitais com toda a organização diferente
daquele corpo?
– Então vou me restringir à palavra falada. Embora isso complique a
comunicação. Interação mente a mente é muito mais satisfatória.
Atrás dele, dois outros homens entraram no laboratório. Um era mais alto
que Zola, e muito mais magro, mas seu rosto lembrava o rosto da tela, ainda que
se encontrasse sobre um pescoço normal, crescido entre os ombros.
Um clone de
algum corpo original que Zola transformara em seu veículo atual
, pensou Tony. Ele
também supôs que aquele devia ser um dos agentes da Hidra que cumprimentara
o clone de Serena quando ela voltou do evento com o sangue dele num
guardanapo. Cabia exatamente na descrição de Happy.
O outro homem era o próprio Tony.
– Sr. Stark, aqui está sua cópia. Um pouco melhorada, devo dizer. O
funcionamento do seu coração foi um obstáculo, no início, mas facilmente
superado assim que genes relevantes foram identificados e revistos – disse Zola.
– Estou com dificuldade de decidir aqui, Tony – disse Fury. – Não sei em qual
atiro primeiro.
– General Fury. Não pode me matar rápido o bastante para impedir que eu
consiga outro corpo. Então vamos discutir os termos de nosso acordo como homens
civilizados.

– Nada de acordo – disse Fury. – Quer negociar antes de lutar, e podemos
fazer isso, mas não vai sair daqui numa boa.
– Muito bem. Aqui vai a negociação: tomarei posse da armadura que o sr.
Stark está usando. Nela, instalarei o clone do sr. Stark. Então o sr. Stark poderá
escolher entre associar-se à Hidra como um elemento valoroso, assim como você,
general Fury. Não sou de guerrear. Simplesmente insisto que a magnitude do
projeto da Hidra não admite dissidências.
– Aprendeu essa fala com os diplomatas do Reich? – perguntou Fury. – Todos
os meus homens mortos diriam que você é muito de guerrear.
– Você sabe tão bem quanto eu que os homens de infantaria não têm noção
alguma da verdadeira dinâmica do conflito no qual perecem – disse Zola. – O
sentimentalismo não é útil para esta discussão.
Tony ativou o programa beta de controle imediato, engatando totalmente a
interface neural da armadura. Em pouco tempo descobriria quão bem tudo
funcionava. A primeira coisa que faria seria sugar a personalidade do clone Stark.
Não era um cara sentimental, mas gostava da ideia de ser um ser humano
individual, e a existência de um clone não cabia nesse ponto de vista específico.
Então, primeiro as prioridades. Tinha que livrar-se daquele clone.
Executar MDP,
ele ordenou à entidade que operava como interface de controle imediato.
– Tony, o que está fazendo? – disse Pepper, e foi quando as coisas começaram
a dar errado. A entidade de CI informou-o de que havia um código estranho nos
sistemas de controle da armadura. Ao mesmo tempo, chegou a informação, por
um canal diferente, de que a rotina da matriz de dados de personalidade estava
mapeando Stark para transferência.
Abortar, ele pensou, e a armadura negou-lhe acesso à MDP. Um relatório do
mapeamento e transferência do clone informou que estava completo, e conforme
sua mente registrava o fato, ele começou a sentir o efeito da MDP. O comando
de Tony para executar a MDP no clone gerara a resposta para iniciá-la em
qualquer operador da armadura que não tivesse autorização… de Zola? Zola
infiltrara-se no sistema de controle e escondera o pacote invasor tão bem que as
sub-rotinas de segurança notaram sua existência, mas decidiram que não havia
perigo algum.
Os sentidos de Tony implodiram. Não sentia mais seu corpo ou a armadura,
não ouvia nada do que acontecia fora da própria cabeça, não via diferença entre
luz e sombra, ainda que seu cérebro lhe dissesse que os olhos estavam devolvendo
informação.

O código trabalhava muito, muito rápido… mas talvez o controle imediato
funcionasse ainda um pouco mais rápido. Tony sentiu sua consciência sendo
deformada, varrida, mas com seu último ato de volição antes de ser arrancado do
próprio corpo, ele ergueu a mão direita e, com o novo e aperfeiçoado projetor de
raio de pulso, explodiu a caixa de PES da caixa de titânio reforçado do pescoço de
Arnim Zola
  

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