segunda-feira, 12 de setembro de 2016

CONSCRITO 326

HOMEM DE FERRO : VÍRUS 

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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOSistema de isolamento e projetor de infrassom.DESCRIÇÃOUm sistema de geração e transmissão de infrassom, definido como ondas sonoras que
existem abaixo da capacidade de audição humana. Também capaz de gerar ondas nas
frequências tipicamente associadas com a função cerebral humana, enquadrada em cerca de 2
a 40 Hz em amplitudes variadas. Projetado para uso acoplado à armadura e integrado com
componentes de isolamento e interferência que impedem que o operador da armadura seja
afetado pelo uso do projetor.
ARGUMENTOO infrassom vem sendo amplamente estudado devido à evidência anedótica de que, em alto
volume, pode causar desconforto e dano físico. Essa propriedade tem óbvias aplicações em
campo de batalha e manejo de civis, especialmente quando métodos não letais de controle
de massa e defesa de perímetro são desejados. O projetor de infrassom das Indústrias Stark,
projetado para integrar os produtos da armadura corporal pessoal das Indústrias Stark,
oferece capacidade portátil de controle de massas, manobras de combate não letais e
operações potencialmente psicológicas. Essa última função é bastante especulativa em
natureza, mas resultados de pesquisas são promissores e os possíveis avanços são
importantes o bastante para demandar proteção de patente mesmo nesse estágio inicial.
STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sob os auspícios dos acordos firmados entre as Indústrias Stark e o
Departamento de Defesa, a S.H.I.E.L.D. e outras agências governamentais definidas pelo
decreto [editado] ao decreto [editado], o decreto [editado] e a resolução [editado]. A
tecnologia é propriedade das Indústrias Stark, mas será totalmente compartilhada com todas
as entidades elegíveis. A tecnologia é secreta e não será licenciada até a revogação do tempo
de sigilo.
O time de ataque da S.H.I.E.L.D., liderado pela major Hailey Donner – que
estava tão aliviada de não ter que ficar conversando com assessores arrogantes
que nem se importava com as balas que voavam de um lado para o outro –,
entrou na antiga fábrica por três locais diferentes. Com seis armas cada, a equipe

fora instruída a mover-se rápido, supondo que haveria mínima resistência, visto
que boa parte dos agentes da Hidra seriam empregados na ação contra o
Laboratório de ITR. Eles entraram rápido e com impacto. O resultado foi que,
três minutos após a entrada, encontravam-se na passarela que percorria as
paredes acima do chão de fábrica principal, com somente dois defensores feridos,
embora vivos e totalmente sob controle. Ela mandou um relatório da situação
para o general Fury, mas ficou surpresa quando ele respondeu. Pelos relatos que
chegaram pelos canais de comunicação, parecia que a S.H.I.E.L.D. tinha mais do
que podia resolver por lá. Acontecera alguma coisa de errado com Tony Stark,
mas não se sabia ao certo o quê.
Era de se esperar, pensou Hailey. Tony Stark não aparecia quando precisavam
dele, e lá estavam eles, com seus próprios problemas, e teriam também que
limpar a sujeira deixada por ele.
– Equipe Charlie, desça por aquela escada. Alfa e Bravo, cubram enquanto
Charlie derruba os cabeças de ovo. – No chão de fábrica, o time de técnicos, em
seus jalecos, acotovelava-se num grupo, olhando para os rifles e visores refletivos
dos comandos da S.H.I.E.L.D. Devia haver uns trinta deles. Enquanto a Equipe
Charlie os deitava e imobilizava, Hailey captava imagens da situação do local.
Perto do centro, enquadrado por pilares de suporte e cercado por técnicos
encurvados, um pequeno laboratório zumbia com os sons autômatos de
centrífugas e diversos implementos biotecnológicos que ela conhecia de vista, mas
não sabia o nome. Em cada lado do laboratório, havia estantes com tubos
verticais, cada um com suporte individual e um monte de cabos enrolados e
conduítes que entravam ali por cima e por baixo.
Alguns destes ainda continham clones parcialmente completados, ou o que ela
supunha serem clones pelo que lera nas instruções da missão. Oito tanques, perto
do canto mais distante de onde ela se encontrava, estavam vazios, as portas,
abertas, envoltos por uma poça rasa de líquido róseo no chão.
Talvez fosse reflexo do treinamento padrão, mas Hailey Donner quis muito
estabelecer metas, retirar sua equipe e explodir o lugar de uma vez por todas.
– Limpe o andar, Charlie. Não queremos surpresas dentro do laboratório ou
ao redor dos tanques.
Seis minutos após entrarem, o andar estava limpo.
– Bravo – ela disse. – Pro elevador. Cubram a porta da escadaria. Charlie,
aguardem. Alfa, recuperem de dados e plantem cargas aqui.
O segundo objetivo – após extrair uma tal Serena Borland, caso esta ainda
estivesse respirando – seria recuperar algum ou todos os itens que poderiam levar

a inovações tecnológicas, e impedir sua destruição. Hailey interpretou essas
ordens liberalmente, o que significa que ela pretendia puxar discos rígidos e
memória onde fosse possível e depois fazer a fábrica toda ir pelos ares. O general
Fury não teria como levá-la à corte marcial depois; no momento, mal podia lhe
passar pela cabeça a ideia daquela instalação continuar existindo e operando mais
um segundo que fosse.
Três membros da Alfa enfiaram toda forma de armazenagem de dados que
encontraram nas mochilas, enquanto os outros três – incluindo a própria Hailey –
distribuíram meleca suficiente para fazer uma grande explosão de meleca.
Levaram um minuto.
– Andar de baixo – Hailey ordenou.
Bravo ficou no elevador, enquanto Alfa e Charlie limparam a escadaria. O
primeiro homem que passou pela porta corta-fogo levou tiros de cima a baixo que
o rasgaram ao meio em dois passos. Três granadas desceram os degraus quicando,
e um segundo após as explosões terem arrancado a porta das dobradiças, Charlie
entrou, detonando tudo ao redor até chegarem perto o bastante para fazer o
verdadeiro trabalho sujo. O martelar das armas automáticas era de ensurdecer,
mas mesmo assim, de algum modo, eles conseguiam escutar as balas
ricocheteando. Alfa permaneceu no patamar do andar principal, com o grupo de
médicos parando em torno do corpo do especialista John Santos por tempo
suficiente para confirmar que ele estava mesmo bem morto, enquanto Charlie
checava o outro andar e a cobertura. Foi tudo muito rápido.
– Nada aqui em cima, mas… bem, olha aqui – disse o líder da Charlie. – Existe
um barracão falso aqui na cobertura. Quer dizer, é um barracão de verdade, mas
tem um turbocóptero embaixo. O barracão foi construído pra parecer com o
restante da cobertura. Por isso que não vimos quando passamos voando.
– Plante, depois desça – Hailey ordenou.
O líder da Bravo entrou em contato.
– Como estão aí, major?
– Tudo sob controle – disse Hailey. – Entraremos no elevador a qualquer
minuto. Charlie, vamos logo. Cubram Alfa. Alfa, andar de baixo.
O patamar do porão era só sangue do chão ao teto devido ao encontro entre
as três granadas com o que deviam ter sido quatro ou cinco clones de Happy
Hogan. Era difícil dizer, e a semelhança dos corpos dificultava ainda mais. Ao vê-
los, Hailey sentiu um nó no estômago. O local devia realmente voar pelos ares.
O time Alfa irrompeu pela porta do porão e derrubou três Happy Hogans
antes que pudessem puxar o gatilho.

– Bom trabalho, rapazes.
Hailey olhou ao redor e viu que estavam numa sala retangular com dois
corredores que partiam do mesmo ângulo, um para a frente, o outro, para a
esquerda. Supôs que deviam percorrer o perímetro, visto que a escadaria
encontrava-se num canto do edifício. Havia outra passagem no mesmo canto em
que ficava a porta de incêndio pela qual entraram. Apontou para lá, e três dos
homens a abriram, expondo um armário de zelador com um esfregão embolorado
e produtos de limpeza muito velhos.
– Bravo, deixem dois homens no elevador. Os outros quatro devem plantar o
chão de fábrica. Não demorem. Temos muito o que ver ainda.
Noventa segundos depois, Bravo informou que o piso fora preparado para
cair.
– Excelente, Bravo – disse Hailey. – Agora, chamem o elevador e façam boa
viagem até aqui embaixo.
O elevador tremeu e começou a subir. Foram segundos tensos. Ninguém sabia
o que poderia haver ali dentro, considerando o que haviam visto no restante do
recinto. Não devia haver nada, mas a major Hailey Donner não havia chegado
aonde chegara sendo descuidada. Ouviu o elevador parar, e o barulho das portas
abrindo-se. Então o estrondo de tiros ecoou pela caixa do elevador.
– Bravo, reportar.
– Acabamos de atirar num elevador vazio – Bravo respondeu. – Descendo.
– Charlie, entre pela porta do porão – disse Hailey.
Trinta segundos depois, estavam todos juntos novamente, com equipes
cobrindo os dois corredores.
– General Fury – disse Hailey. – Donner falando. Estamos no andar de baixo.
Os superiores foram limpos, perdemos um agente, repito, um agente.
– Entendido – disse Fury. – Borland?
– Nada, ainda, senhor.
– Prossigam. Câmbio.
Hailey olhou para a esquerda, depois para a frente.
– Pra que virar se não formos obrigados? – ela disse. – Vamos em frente.
• • • •
Dentro do Laboratório de ITR, Fury estava agachado atrás de um armário de
arquivos lotado de arquivos de papel de verdade. Ficou feliz com o móvel. Quase

nenhuma bala conseguia atravessar uma sólida torre de papel envolvida por
placas de metal. Disparou um pente inteiro e recarregou.
– Pepper – disse. – Tem como falar com o Tony?
– Não sei. – Ela vinha cutucando a tela
touch screen sem parar, a não ser
quando o interior da área de testes se transformava numa zona de tiro. Nesse
momento, parecia que Rhodey e os garotos lá de fora detinham com a vantagem,
mas alguma coisa estava bagunçando os canais de comunicação locais, e Fury não
tinha certeza de nada. – Estou tentando, mas alguma coisa estranha aconteceu
quando todas as rotinas de segurança colidiram com o vírus e o sistema de
controle imediato tentou sintetizar tudo. Mando mensagens pro Tony, e às vezes
elas voltam, mas às vezes só desaparecem. Então não sei se ele está tentando
entrar em contato.
Ouviram um baque no telhado. Depois mais três, seguidos. Fury deitou-se de
costas, procurando algum indicador que mostrasse a localização dos soldados da
Hidra. Dava para ouvir muitos passos, mas a acústica dentro da área de testes
não prestava para apontar posições específicas.
Um dos soldados enfurnado embaixo de uma estante contendo armaduras
antigas do Homem de Ferro disparou um monte de balas no teto acima dele.
Devido ao eco, foi impossível dizer se ele acertou alguma coisa. Longos segundos
depois, mais passos foram ouvidos lá em cima… então Fury viu uma das placas de
metal conjugadas perto do centro do teto entortar. Atirou em toda a região,
queimando um pente inteiro, que foi imediatamente substituído. Através de
alguns dos buracos feitos no teto, ele viu a luminosidade rosa alaranjada vinda da
rua. Outros estavam bloqueados.
Dessa vez te peguei, pensou Fury.
– Pepper, diga ao Tony que, se ele quiser voltar pra casa e ligar a armadura,
agora é um bom momento.
Perto da porta da plataforma de carregamento, o corpo de Arnim Zola estava
deitado, inerte. Fury não tinha como saber se o alarde feito por Zola de que ele
era capaz de pular instantaneamente de um corpo a outro era verdadeiro, mas
sabia que Zola havia trocado de corpo em outras circunstâncias. Melhor supor que
ainda não haviam dado cabo dessa cabeça específica da Hidra. Ou, aliás, daquele
clone mais alto de Zola. Onde ele fora parar?
– Chequem o telhado – disse Fury pelo canal aberto. O laboratório explodiu
por um minuto inteiro. Quando acabou, o teto estava pontilhado com buracos
brilhantes, e mil focos de luz da rua cruzavam até o chão. Não se ouviu mais
barulho de passos.

– Parece o interior de uma balada em que eu costumava ir – comentou um dos
soldados.
Outro concordou.
– Acho que sei qual é – disse um terceiro.
Fury os interrompeu:
– Qual é a contagem?
Os agentes na área de testes contaram.
– 27. – Foi o número que veio de um sargento-major. – 30 incluindo você,
senhor. E 31 contando com a moça.
Nada mal, pensou Fury. Haviam começado com 34 – 36 contando ele e
Pepper, que não havia dado um tiro sequer, mas atiraria se fosse preciso.
– Pepper, alguma novidade?
– Nada de bom. Estou recebendo dois
pings de resposta do Tony, mas são
diferentes. Acho que o clone foi levado lá pra cima também. Ou lá pra dentro,
como preferir.
Somente quando uma situação como essa envolvia Tony Stark tinha garantia de
ficar pior
, pensou Fury.
– Não há como diferenciá-los, imagino.
– Por enquanto, não. Estou tentando dar um jeito. Mas outro detalhe é que a
MDP faz um
recall automático. Isso pode trazer Tony de volta.
– Então o que está esperando? – disse Fury. – Traga-o de volta.
– Acha que eu não teria feito isso se pudesse, Nick? – Pepper ralhou. – O
Tony é a única pessoa que pode dar o comando.
Fury refletiu. Lá fora, novas saraivadas de tiros rasgaram pelo
estacionamento, fazendo furos nas paredes do laboratório.
– Rhodey – disse ele pelo comunicador.
– Segurando as pontas. Estou começando a achar que eles só estão nos
distraindo aqui. Com certeza não estão lutando como se tivéssemos matado os
seus agentes.
O que trouxe Fury de volta ao problema de Arnim Zola.
– Continue firme aí – disse ele. Depois virou-se para poder ver Pepper. –
Então temos que manter a MDP ligada até que Tony responda. Se é que ele tem
como responder.
– É bem essa a situação.
Contra os clones da Hidra lá fora, Fury achava que eles poderiam lutar mais
ou menos por toda a eternidade. Mas se Zola estivesse tramando algo onde quer
que encontrara um novo corpo, Fury temia complicações indesejadas. Era hora de

tomar a decisão mais difícil, aquela de que ninguém queria ouvir falar, mas que
beneficiava a todos quando alguém tomava. Ele abriu o canal de Hailey e
preparou-se para dar as ordens.
 

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