segunda-feira, 12 de setembro de 2016

CONSCRITO 328

HOMEM DE FERRO : VÍRUS 

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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOGerador de hologramas, acoplado.DESCRIÇÃOSistema interno de projeção, acoplado ao raio-uni (cf. patentes [editado], [editado] et al. das
Indústrias Stark), capaz de criar imagens tridimensionais com resolução suficiente para
confundir a visão humana. Ligado aos sistemas de comunicação acoplados à armadura, o
gerador de hologramas pode projetar imagens de pessoas e objetos em outros locais,
aperfeiçoando imensamente a comunicação em campo de batalha. Pode também criar cópias
ilusórias da armadura corporal pessoal das Indústrias Stark para instigar medo e confusão
entre as forças inimigas.
ARGUMENTOA projeção de ilusões vem sendo um elemento importante no planejamento tático para
campo de batalha desde que os inimigos de Macbeth se disfarçaram de árvores da Floresta
de Birnam antes de atacar Dunsinane. O gerador de hologramas projetado para uso na
armadura corporal pessoal das Indústrias Stark tem a capacidade de projetar até três imagens,
dependendo das configurações das lentes. O aumento potencial na confusão do inimigo
devido à percepção de aumento das forças inimigas é um incremento desejável numa
situação de batalha. Tecnologias de holograma existentes requerem projetores robustos e
pesados; o aplicativo acoplado das Indústrias Stark multiplica o número de possíveis usos.
STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sob os auspícios dos acordos firmados entre as Indústrias Stark e o
Departamento de Defesa, a S.H.I.E.L.D. e outras agências governamentais definidas pelo
decreto [editado] ao decreto [editado], o decreto [editado] e a resolução [editado]. A
tecnologia é propriedade das Indústrias Stark, mas será totalmente compartilhada com todas
as entidades elegíveis. A tecnologia é secreta e não será licenciada até a revogação do tempo
de sigilo.
Tony andava já fazia algum tempo, mas seus pés não se cansavam. Tinha que
olhar para baixo de vez em quando para certificar-se de que ainda os tinha. As
luzes continuavam distantes.
– Carro – ele disse.

Sua mente deve ter se confundido, porque o que apareceu foi um Oldsmobile
Six ano 1937. Era um sedan grande e muito bonito, mas quando ele olhou pela
janela, Raymond Burr disse:
– Que diabos está fazendo? Tire as mãos do meu carro antes que eu te dê
porrada.
Tony afastou-se do carro, que deu partida e foi embora.
Perry Mason, ele
pensou.
Era lá que eu via esse carro.
Ele precisava resolver o que fazer.
Fato, pensou. Eu sou Tony Stark. De algum
modo, fui trazido para cá usando minha própria rotina de Matriz de Dados de
Personalidade, mas em vez de ficar no espaço do servidor do Laboratório de ITR, a
matriz saiu para o mundo. Refiro-me ao mundo virtual. Fato: existe outro Tony
Stark aqui. Deve ser o clone trazido por Zola. A personalidade dele também foi
tragada aqui para cima. Ou para dentro.
– Dentro, é o que costumamos dizer. – Admirado, Tony olhou para o lado e
viu seu acompanhante, andando ao lado dele como se jamais tivessem se
separado. – E sim, você acertou até agora. A Pepper está te procurando, sabia?
– Como você… está em contato com…?
– Lá Fora? Mundo Real? As Quatro Dimensões? – O acompanhante riu. –
Claro. Em todo lugar que procurar, é possível aprender tudo o que precisa saber
sobre Lá Fora. Mas a coisa mais importante que você precisa saber é o que pode
fazer aqui dentro. Ou vai ficar preso. Não acredito que você queira ficar preso.
– Não, é claro que não. Por que se importa?
– “Importa” pode ser a palavra errada.
Caminharam em silêncio por um tempo depois disso. Tony pensou que as
luzes estavam um pouco mais perto.
– Pense deste modo – disse o acompanhante –: você encontra de tudo na
internet, certo?
– É o que as pessoas dizem.
– Bom, veja deste ângulo. Se você está aqui dentro, pode descobrir qualquer
coisa sobre a Quarta-D se souber onde procurar.
Do ponto de vista meio do-outro-lado-do-espelho, fazia sentido.
– Certo. Então, se eu quisesse falar com Pepper, como faria?
– Sei lá – disse o acompanhante. – Seus protocolos são totalmente diferentes
dos meus. Você entra aqui com um código novo, infectado por outro código novo
que, acredite em mim, ninguém daqui de dentro quer chegar perto, e tem outro
de você com um pouco do novo código preso nele também. Vai ser difícil encontrar
alguém que queira lhe dizer alguma coisa. Só estou falando com você porque

conheço o código que carrega. Escrevi parte dele, há muito tempo atrás. – Ele riu
baixinho. – Tempo.
– Há quanto tempo atrás você foi Zola?
– Tempo – o acompanhante repetiu. – Muito tempo atrás. Quando ele
começou a tentar delinear padrões mentais. Ele me perdeu; vim parar aqui.
– Tenho outro código grudado em mim, certo? O código do controle imediato.
– Diferente – disse o acompanhante. – Está tudo misturado. Talvez não na
Quarta-D, mas aqui. Não consigo diferenciar.
– Preciso encontrar o outro Tony Stark. Sabe onde ele está?
– Estou falando com ele agora mesmo. Quer dizer, com ele também. Pode
funcionar desse jeito se você quiser, e você sabe como.
– O que ele tem a dizer?
– Está me mandando apagar você – respondeu o acompanhante. – Mas não
vou fazer isso. O
show está muito bom. Continue nesta direção. Pode parecer que
as luzes continuam muito distantes, mas não estão. O Tony Virtual, é assim que o
chama, né?
Tony fez que sim.
– Isso.
– Vai encontrá-lo quando chegar lá. Ele também está tentando falar com a
Pepper. Nos vemos mais tarde – disse o acompanhante, que começou a ficar para
trás. Tony tentou andar mais lentamente, mas o outro afastou-se até que seus
contornos começaram a misturar-se ao espaço sem cores ao seu redor.
• • • •
Hailey jamais acreditaria que uma coisa daquelas podia existir se tivesse
somente ouvido falar. Era coisa de cinema, ou dos pesadelos de um maluco
paranoico induzidos por má digestão. A porta que abriram colidiu contra um
corrimão que circundava uma pequena sacada. Da sacada, uma escada de metal
descia para o piso de uma sala que devia ter trinta metros de comprimento e
vinte de largura. Em quatro fileiras, tanques similares em formato aos dos clones
no térreo estavam dispostos desde abaixo da sacada até a escuridão da parede
oposta. Tinham pouco mais de três metros de altura e um de diâmetro, muito
maiores do que os do andar superior.
Um deles estava vazio.
Hailey contatou o general Fury.

– General, acredito que encontramos onde Zola guarda seus corpos. Tenho
motivos para crer que ele passou para um deles. Um dos tanques está vazio, e há
pegadas úmidas saindo dele.
– Entendido, Hailey. Agradeço pela informação, embora não possa dizer que
tenha me alegrado. As ordens são as mesmas.
– Entendido, senhor.
– Câmbio, desligo – disse Fury, e o pipocar do fim da comunicação pareceu
ecoar do fone de ouvido de Hailey por todo o espaço da sala.
– Equipe Alfa – ela disse. – Vamos limpar esta sala. Ou seja, quando
terminarmos, os tanques estarão abertos e destruídos, e o mesmo vale para os
corpos dentro deles. Fui clara?
Após um coro de
sim, senhora, a major começou a descer.
• • • •
Foi fácil com os primeiros, porque não pareciam humanos. Corpos com quatro
braços, corpos com duas cabeças – uma delas era um arranjo similar à caixa de PES
que ela vira nas imagens instrucionais. Corpos com armadura, com olhos
protegidos como os de um peixe dinossauro que ela vira no museu de história
natural. Foi mais difícil do que ela imaginara garantir que os tanques fossem
permanentemente desabilitados; os visores não paravam de piscar, e as luzes
verdes dos conduítes que levavam à tampa dos tanques continuavam verdes
mesmo após uma quantia surpreendente de balas ter mastigado as partes
adequadas do equipamento. No fim, Hailey teve de ordenar à equipe Alfa que
abrisse manualmente cada tanque e puxasse cada corpo para fora. Os cinco
membros da equipe levaram quase vinte minutos, e ficaram todos encharcados
até os ossos com aquele fluido rosado de cheiro orgânico nos quais estavam
imersos todos os corpos.
– Bruce Springsteen – um deles dizia. – Dá pra acreditar?
– Eu vi Nelson Mandela. Como diabos é possível conseguir o DNA do Nelson
Mandela?
– Ou da Nancy Pelosi.
– Certo, rapazes – disse Hailey. – Vamos destruir os corpos, como o general
deseja. Depois vamos preparar o local pra explodir. Dividam o chiclete e mãos à
obra.
Foi muito mais rápido dar tiros letais nos corpos do que detonar os tanques.
Quando acabaram, Hailey avisou Bravo de que havia mais uma sala para checar,

e que eles acabariam se encontrando.
Não chegou resposta.
– Líder da Bravo, responda. Está na escuta?
Silêncio.
Talvez fosse a sala.
– Terminamos, major – disse um agente. – Hora de ir?
– Com certeza – ela respondeu. Mas, quando voltaram para o corredor,
continuaram sem resposta do líder da Bravo, nem de nenhum outro agente da
equipe.
• • • •
– Já viu as Oito Madames? – Zola perguntou.
– Ainda não tive o prazer – disse Serena. Dava para ouvir os disparos
ritmados de armas de fogo, vindos de outra parte do porão.
– Acredito que esses comandos da S.H.I.E.L.D. estão quebrando as regras da
guerrilha ao matar clones inocentes, sem contar os que estão inconscientes. De
Happy Hogan – disse Zola.
Alguns minutos depois, quando um disparo foi ouvido em outro lado, mas mais
perto, Zola disse:
– E agora foram os outros corpos que criei para mim. Tem certeza, srta.
Borland, de que quer se associar com pessoas que matam a sangue frio?
– Não quero discutir ética com você nem escolher um lado. Quero ir embora.
– disse Serena. – Não quero jogar nem ficar de bate-papo com você. Quero ir
embora. Se não vai me soltar, me mate. Se vai me soltar, pare de falar e me
solte.
– Certo – disse Zola. – Mas não está seguro para você lá fora agora. Se
algum desses comandos da S.H.I.E.L.D. a visse, é bem possível que pensasse
tratar-se de um clone, não acha? E se estão atirando em clones inconscientes e
parcialmente construídos, certamente atirarão num que se move com a vitalidade
e resolução com as quais imagino que você se moveria.
Ela se convenceu. Olhou ao redor do quarto, só para não ter que olhar para
ele. O corpo anterior era ridículo o bastante para que ela não o temesse, apesar
de saber de algumas coisas que ele fizera. Já o corpo novo… era preciso ser idiota
para não temê-lo. Dois metros de altura, com o que parecia uma espécie de
cobertura de aço preta fosca sobre músculos que deixariam um lutador

profissional com inveja, e todo tipo de aplicativos mecânicos com aparência letal.
Soquetes e articulações e antenas em todo canto.
Por estar com tanto medo, ela disse:
– Retiro o que disse sobre Frankenstein. Você está mais parecido com o robô
de Johnny Sokko. Solta mísseis pelos cotovelos?
– Acho que está na hora de você conhecer as Oito Madames – disse Zola,
ignorando o gracejo. – Elas devem ter acabado de concluir a primeira missão.
Parte da parede dos fundos da cela de Serena abriu-se, e oito clones
entraram. Eram ágeis e atléticos, vestiam uniformes verde-esmeralda com logos
destacados da Hidra em preto sobre o peito. Os cabelos eram pretos também,
desciam até os ombros e eram afastados do rosto por bandanas verdes. Traziam
espadas presas no quadril, penduradas em cintos pretos armados com pequenos
bolsos e cartucheiras.
– Apresento-lhe as Oito Madames – disse Zola, e foi então que Serena notou
que cada uma delas carregava uma cabeça decepada na mão direita. – Acho que já
mencionei: elas completaram a primeira missão. Parece que foi um sucesso.
Parabéns, Madames. Vocês seriam um orgulho para sua original. Aliás, são
melhores do que ela. – Zola levantou-se e fez uma reverência cortês. – Por favor,
livrem-se de seu fardo.
As Oito Madames colocaram as cabeças em duas fileiras organizadas sobre a
escrivaninha. Serena jogou a cadeira para trás e foi se encaracolar na ponta da
cama, onde ficou, tremendo.
– Nenhum comentário jocoso? – Zola alfinetou. – Creio que superestimei sua
tranquilidade perante o inesperado.
Serena não sabia o que dizer. O tiroteio parecia continuar alguns andares
acima.
– Acredito que esses são metade da equipe da S.H.I.E.L.D. enviada para
resgatá-la de sua situação – disse Zola, apontando para as oito cabeças. – Os
outros logo se unirão a eles.
Não, Serena quis dizer. Mas sabia que não seria nada bom, e não queria darlhe o prazer de vê-la implorar por algo que ambos sabiam que ele recusaria. Tony,
ela pensou,
onde está você? 

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