HOMEM DE FERRO : VÍRUS
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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOProjetor de escudo de energia defensivo.DESCRIÇÃOO Projetor de Escudo de Energia Defensivo usa hiperconcentrações de energia
eletromagnética para criar uma barreira de propósito duplo eficaz contra ataques de energia e
projéteis. Eletromagnetos super-resfriados dentro de um campo de isolamento liberam
campos focados de energia cujo poder, duração e distância do ponto de origem podem ser
automaticamente controlados usando-se sistemas de comando-e-controle acoplados pré-
existentes na armadura (como na patente [editado] das Indústrias Stark).ARGUMENTONenhuma tecnologia existente de projeção de energia pode criar, de modo confiável,
repetidamente, um campo de força previsível em distância previsível. As Indústrias Stark já
trouxeram inovações nessa área, notavelmente a patente [editado], e o Projetor de Escudo de
Energia Defensivo aperfeiçoa essa fundação ao criar um escudo mais poderoso que pode
absorver calor e energia eletromagnética, assim como defletir a energia cinética de projéteis
físicos. O produto foi testado com energia cinética comparável às transmitidas pela arma
principal do tanque M1A1 Abrams, energia de calor comparável à propulsão gerada pelos
motores do Raptor F-22 e energia eletromagnética produzida por uma explosão nuclear de
1.4Mt.STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sob os auspícios dos acordos firmados entre as Indústrias Stark e o
Departamento de Defesa, a S.H.I.E.L.D. e outras agências governamentais definidas pelo
decreto [editado] ao decreto [editado], o decreto [editado] e a resolução [editado]. A
tecnologia é propriedade das Indústrias Stark, mas será totalmente compartilhada com todas
as entidades elegíveis. A tecnologia é secreta e não será licenciada até a revogação do tempo
de sigilo.Zola captou o constante crepitar eletrônico entre os agentes da S.H.I.E.L.D.
agrupados contra ele. A situação era mais ou menos a que ele antevira. As forças
encontravam-se equilibradas até que ele inserisse seu novo corpo na equação. Os
sistemas de segurança do laboratório estavam muito comprometidos graças aos
danos causados aos servidores e pela sabotagem perpetrada por agentes da Hidra
no perímetro da propriedade. Tudo fora arranjado para o estágio final do plano.
Maheu, caso estivesse presente, sem dúvida teria oferecido um comentário
acerbo. Como costumava ocorrer, seu pessimismo teria sido direcionado
equivocadamente; se Tony Stark fracassasse ao extrair-se dos espaços infinitos
do mundo virtual, Zola vencia na hora. Se Stark retornasse, Zola confiava que seu
novo corpo – refinado que fora pelas inovações adaptadas do próprio trabalho de
Stark – provariam equiparar-se ao alardeado protótipo da armadura do Homem
de Ferro. Tudo corria como esperado.
Dados novos invadiram o escaneamento de Zola.
– Oh – disse ele.
O novo corpo não possuía caixa de PES porque ele pensara que ela
depreciaria o efeito geral da construção, mas todas as funções da caixa de PES
foram acopladas em diversas partes da anatomia cibernética. Ele sentiu os sinais
interruptores vindos do Laboratório de ITR, uma confusão eletronicamente
gerada. Na periferia da propriedade do laboratório, os sinais estavam fracos, e
Zola podia sentir mentes fora do seu alcance. A que ele focava naquele momento
parecia pertencer ao Happy Hogan original.Que simetria adorável, pensou Zola.
Estendeu sua consciência e sentiu os contornos da mente de Hogan, a textura
de seu cansaço e desespero, o tecido simples de sua devoção, a obscuridade
espinhosa do medo. Algumas vezes certo controle tinha de ser conquistado pela
força bruta; em outras ocasiões, a mais sutil das sugestões – o recalibrar de uma
pequena suposição – poderia criar uma corrente de pensamentos que pareciam
fazer sentido perfeitamente. Uma mente desgastada e exausta como a de Happy
Hogan era o mais fácil dos alvos para essa gentil indução.
Simultaneamente, ele mandou ordens aos soldados, que usavam meios mais
físicos e grosseiros de comunicação. Gestos foram transmitidos ao longo da cerca,
até a margem do rio, onde diversos grupos de clones de Hogan encontravam-se
agachados nos arbustos perto do buraco que abriram na cerca. Estava quase na
hora de resolver o problema com a S.H.I.E.L.D., e com Tony Stark, de uma vez
por todas.
As Duas Madames juntaram-se novamente a ele. Estavam feridas, mas
operantes, equiparadas a dez comandos da S.H.I.E.L.D. mesmo após todos os
ferimentos sofridos.
– Em breve, minhas Madames – disse Zola. – Só temos mais uma coisa a
arranjar.
• • • •
Happy aproximou-se do Laboratório de ITR pelo oeste. Diminuindo a
velocidade, ele chamou o controlador de voo quando chegou a um quilômetro de
distância.
– O que pode me dizer? Como estão as coisas lá embaixo?
– Não consigo ver muita coisa. Parece um beco sem saída; aconteceu alguma
coisa com Tony e ninguém sabe onde está Zola. Tem um monte de clones do lado
de fora, e nossos agentes dividiram-se entre o estacionamento e dentro do
laboratório.
Happy percebeu uma coisa. A S.H.I.E.L.D. estava esperando por um milagre.
Estavam presos defendendo uma instalação que não devia servir para nada.
Estavam supondo que Tony apareceria para salvar todos, como sempre fazia, mas
ninguém o via fazia mais de um mês. Ele já era, o velho Tony não existia mais,
fora absorvido pelo sonho do controle imediato e desaparecera no ciberéter. A
S.H.I.E.L.D. estava fazendo exatamente o que Zola queria. Estavam se
concentrando num ponto único sob circunstâncias ditadas pela Hidra; qualquer
agente que tenha assistido que fossem duas semanas de aulas de história militar
sabia que deixar o inimigo escolher o local da batalha era meio caminho andado
para a derrota.
Havia coisas piores do que a morte.
– Controle, não acho que Tony vai voltar – disse ele.
– Temos informação de que o processo de extração da MDP está em
andamento.
Happy balançou a cabeça, sem se importar com o fato de que seu interlocutor
não podia ver o movimento.
– Não vai dar certo.
Ver-se transformado em material cru para a criação de um exército acéfalo
de clones. Isso sim era pior do que a morte. Lá embaixo, presos dentro e ao redor
do Laboratório de ITR, estavam todas as pessoas de que Happy gostava no
mundo. Não podia deixar que isso lhes acontecesse também.
É uma decisão complicada, Happy, mas, no fim, correta. Você sabe o que deve
fazer.O que ele devia fazer era explodir o laboratório. Isso era certeza.
• • • •
Rhodey contatou o turbocóptero assim que viu a assinatura eletrônica
identificada como material da S.H.I.E.L.D.
– Pensei que não era pra vocês zanzarem por aqui. Novas ordens?
– Rhodey, é o Happy.
– Happy? O que está fazendo fora da cama?
– Tony não vai voltar. Zola vai entrar lá e esmagar vocês feito mosquitos.
Você não o viu, Rhodey. Não sabe qual é a intenção dele.
– Me parece que você precisa pousar esse helicóptero e tirar uma soneca. –
disse Rhodey. – Estamos bem por aqui.O que era e não era verdade ao mesmo tempo, pensou ele. Eles não viram Zola,
de fato, mas Happy tinha visto, por acaso?
Sem fazer ruído, ele anexou o general Fury no canal, colocando Happy no
mudo para poder dizer:
– General, melhor você escutar isso.
Quando ele trouxe Happy de volta, ouviram:
– … não posso aceitar a ideia de ela ser clonada, Rhodey. Não aceito. Ou Zola
usar a armadura do Tony. Tony não vai voltar. Se Zola pegar a armadura, todos
nós vamos virar clones. Quer que isso aconteça?
– Claro que não – disse Rhodey. – É por isso que estamos aqui.
– Sim, mas não adianta. Não vai dar certo. Temos que garantir.
Rhodey sentiu um frio no estômago.
– Garantir o que, Hap?
– Garantir que Zola não consiga o que quer. Temos que detonar tudo,
Rhodey. Não tem como sair, mas pelo menos a gente garante que, quando Zola
entrar, não vai ter nada pra encontrar.Oh, não, pensou Rhodey. Zola já o encontrou.
– Hap – disse ele. – Isso é Zola falando. Voe alguns quilômetros pra trás com
o helicóptero, ou pouse. Está sentindo a presença dele?
– Ele tem razão, Rhodey.
O desespero na voz de Happy foi suficiente para fazer germinar as sementes
de dúvida plantadas na mente de Rhodey desde muito antes.É assim que funciona,
então, ele pensou. Até mesmo a dúvida é como um vírus. Zola a planta num ponto
e fica esperando que se espalhe.
– Você precisa pousar esse helicóptero, Happy. Agora. Não importa o que
faça, não tem como danificar a armadura do Tony. Você sabe disso. Pouse, Happy,
pelo amor de Deus, pouse.
– Só depois que eu resolver isso aqui. Você não faz ideia de como é, Rhodey.
Quer ver um milhão de clones seus por aí? Ou da Pepper? Não vou deixar. Não.
Tenho que garantir.
– Happy, não pode… – disse Rhodey para um canal vazio. – General. O que
vamos fazer?
• • • •
– Você não está autorizado a armar mísseis – disse uma voz automática. Um
momento depois, o controlador entrou em contato.
– Happy, que história é essa de mísseis?
– A situação está preta aqui, controle. – disse Happy. – Mas acho que posso
resolver. Travar mira em Zola.Fabuloso, Happy. Improvisar quando coagido é uma das marcas de um bom
soldado.– Sem confirmação – disse o controlador. – Você não vai, repito, não vai
atirar mísseis nessa área sem autorização direta do general Fury ou deste posto.
– Controle, você não está vendo o que estou vendo.
– Happy, estou desativando seu software de controle de armas. Aconselho
que pouse essa aeronave no local seguro mais próximo e aproveite o show. Tony
Stark está para voltar via extração em menos de um minuto.
– É tarde demais – disse Happy. – Tarde demais.
Ele viu o programa de controle de armas travar… para, depois de alguns
segundos, reiniciar.Isso, pensou ele.É assim que se faz.Manterei seus canais livres de interferência, Happy. Sabe que tem algo que deve
fazer, algo que só você pode fazer, algo que deve ser feito.– Obrigado.
– Happy! – latiu o controlador. – Pouse esse helicóptero sem lançar mísseis
nem atirar mais nada! Essa ordem foi clara?
– Clara e recusada – disse Happy. Estava calmo, em paz. – Preciso fazer uma
coisa.
• • • •
Pepper ouviu a conversa entre o controlador de voo da S.H.I.E.L.D. e Happy.
Ela não era de chorar quando as coisas apertavam, mas seus olhos se encheram de
lágrimas quando ela entendeu o que estava prestes a acontecer.
– É o Zola, né? – disse. – Zola o pegou.
– Parece que sim – disse Fury.
– General Fury, aqui é o controle. Os sistemas de controle de armas daquele
helicóptero não estão mais respondendo. Sinal bloqueado por agente
desconhecido.
– Entendido, controle. Acho que temos uma ideia da fonte desse bloqueio.
– Saibam que simulações de alvo estão sendo acionadas contra o Laboratório
de ITR.
Fury olhou para Pepper, e depois ao redor, para os agentes da S.H.I.E.L.D.
que estavam por perto. Todos ouviram o que o controlador dissera e entendiam
as implicações.
– Controle, favor avisar quando e se uma sequência de disparos for iniciada –
disse Fury.
– Sim, general. Espero que tenha um plano.
– Eu também, controle. Câmbio, desligo. – Fury olhou para Pepper. – Já
passaram mais de trinta segundos.
Ela concordou.
– O que diz a MDP?
– Diz que terminou a extração. Mas… – Pepper ergueu as duas mãos e as
soltou em seguida.
– É – disse Fury.
O corpo de Tony Stark jazia onde havia caído, dentro do protótipo preto
fosco da armadura. Parecia que era preciso retirá-lo dali, mas para quê, afinal?
– Pepper, não sei mais o que fazer. Se uma sequência de disparos for iniciada
naquele helicóptero, vamos ter que derrubá-lo.
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