segunda-feira, 12 de setembro de 2016

CONSCRITO 338

HOMEM DE FERRO : VÍRUS 

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PETIÇÃO PROVISÓRIA PARA PATENTETÍTULOSistema de conversão e dispersão de força-G.DESCRIÇÃOBastante similar ao sistema conversor de força em nanoescala (CFN) (cf. Petição Provisória
para Patente [editado], anexado para referência), o Sistema de Conversão e Dispersão de
Força-G (SCDG) foi projetado para capturar e redirecionar energia ambiente e de entrada
como fonte de energia. Os CFNs funcionam dentro de um meio como o gel de atenuação
cinética (cf. Petição Provisória para patente [editado], anexado para referência); o SCDG
funciona através de um revestimento interno à armadura pessoal corporal das Indústrias
Stark. Quando o operador da armadura muda de direção ou acelera, criando força-G, o
revestimento absorve e transmite essa energia ao reservatório já existente na armadura.
ARGUMENTOA atenuação de forças gravitacionais é uma preocupação crítica de qualquer engenheiro que
trabalhe na área do voo tripulado. Avanços no equipamento do piloto e acessórios de
cabine tornaram possíveis aperfeiçoamentos significantes no limite de performance das
aeronaves. O SCDG dá o passo seguinte nesse processo, valendo-se de tecnologias de
atenuação de força-G existentes para capturar e armazenar energias laterais e lineares para uso
posterior pelo operador de uma armadura pessoal corporal das Indústrias Stark. A eficácia de
captação atual gira em torno de aproximadamente 15 a 20%, dependendo do ajuste da
armadura e da natureza da manobra criadora de aceleração. Modelos experimentais predizem
eficácia de captação futura de até 50%, tornando a energia gravitacional uma fonte de
energia valiosa em ambientes operacionais de energia intensa.
STATUS DE SEGURANÇAProjeto conduzido sob os auspícios dos acordos firmados entre as Indústrias Stark e o
Departamento de Defesa, a S.H.I.E.L.D. e outras agências governamentais definidas pelo
decreto [editado] ao decreto [editado], o decreto [editado] e a resolução [editado]. A
tecnologia é propriedade das Indústrias Stark, mas será totalmente compartilhada com todas
as entidades elegíveis. A tecnologia é secreta e não será licenciada até a revogação do tempo
de sigilo.

Mesmo sem os olhos, e com partes do rosto dilaceradas tão profundamente que
Tony pôde confirmar que Zola não guardava seu cérebro na cabeça, ele
continuava lutando. Tentou tirar Tony do ar, e este, sabendo que qualquer
vantagem que tinha não existiria mais assim que seus pés tocassem o chão,
empenhou-se com o mesmo afinco para livrar-se das mãos do inimigo.
– Está gingando – disse Zola. – Quem ginga se cansa. E o lutador só ginga
quando sabe que não pode derrubar o oponente.
– Acha que não posso te matar? Já explodi sua caixa de PES uma vez, lembra?
Não te vi se mexendo depois disso.
– Aquilo não me matou, sr. Stark. Foram as balas do general Fury que
mataram meu corpo anterior. Eu tinha um clone pronto para receber minha mente
por transferência.
Ah, pensou Tony. Ele não reparara nisso por estar ocupado demais sendo
sugado de seu corpo via MDP para Lá Dentro.
– Aquele clone também foi morto logo depois, mas não antes de eu chegar
perto o bastante da fábrica para que eu pudesse assumir residência neste
espécime que está à sua frente. Sinta a força dele.
Zola pegou Tony pelo antebraço. Suas mãos eram grandes o bastante para
envolver os pulsos de Tony por completo. Ele apertou, e mesmo envolto pela
armadura, Tony sentiu seus ossos rangerem por conta da pressão.
Ele teve uma ideia.
Até agora fiz tudo errado, pensou ele, procurando me
proteger de minhas desvantagens em vez de tirar vantagem das dele.
Girando em
volta de Zola, Tony fez uma pirueta até que seu braço preso travou-se em torno
do peito do inimigo. Enganchou o outro braço embaixo do de Zola, prendendo-o
em pleno ar.
– Claro, eu posso te matar. E sabe como?
Zola girou as mãos em direções opostas. Um osso do pulso de Tony rachou.
– Diga, por favor – disse Zola.
– Posso te matar porque você ainda precisa de ar.
Não havia como alcançar a aceleração máxima testada de 37 g, não com o
peso adicional de Arnim Zola. Mas quando os propulsores da armadura ligaram,
Tony sentiu o empuxo nos olhos e na boca do estômago. Ele disparou para cima.
Zola gritou o tempo todo, travado num abraço mortal.
• • • •

Fury avançara até metade do corredor, parando para checar agentes da
S.H.I.E.L.D. obviamente mortos a cada cinco ou seis passos, quando ouviu uma
voz vindo da porta à direita.
– Nick.
Ele girou, erguendo o rifle, e se não estivesse entre a porta e a equipe de
busca, Happy Hogan teria comido quatro rifles de balas.
– Happy, santo Deus, já vi gente querer morrer… – Fury não soube o que
mais dizer. – O que está fazendo aqui?
– Eu tinha que fazer alguma coisa, Nick. Depois de, você sabe. O lance do
helicóptero. Eu tinha que ajudar. Matei alguns dos clones, mas apareceram umas
mulheres de verde. Não consegui mirar direito. Cara, você devia vê-las se
movendo.
– General? – disse um agente da equipe de busca. – General, sugiro com
veemência que esse indivíduo seja desarmado e imobilizado até que possamos
determinar que não é mais um clone. – O comando olhou Happy nos olhos. – Se
você for o verdadeiro Happy, peço desculpas. Se não, espero que te enforquem
por espionagem, seu filho da mãe.
– Ei, calma aí, soldado – disse Fury. – Olhe pra ele. Tá vendo o nariz? Os
cabelos brancos? Repare na linha do maxilar. Uma ruga aqui e ali, viu? Esse aí é
um ser humano de verdade. Dá pra ver a diferença que faz passar alguns anos na
terra em vez de ter crescido num tanque.
– Cirurgia plástica, senhor – disse o soldado, teimoso. – Não falo pra ofender.
– Não está ofendendo ninguém. Está sendo cauteloso. É bom ver isso num
soldado. – Fury deu um tapinha no braço do rapaz. – Mas desta vez você errou.
Agora vamos prosseguir com a missão.
Encontraram Rhodey atrás do balcão da recepção com um rasgo enorme na
pele atrás da cabeça. O osso brilhou sob o raio de luz projetado pela lanterna que
um dos agentes da equipe mantinha apontada para ele enquanto o médico punhase a trabalhar.
– Está vivo, senhor – relatou o médico. – Mas apagado, e não acho que vai
acordar tão cedo. Não foi um ferimento mortal. Vamos dar sangue e esperar
acordar, e além de uma baita dor de cabeça e uns quarenta ou cinquenta pontos,
ele não vai ter mais nada.
Fury sentiu um peso imenso que nem percebera que levava nas costas, ou que
não tinha se permitido perceber. Fazia quanto tempo que ele e Rhodey eram
amigos? Como seria perder alguém assim… mas, pior ainda, como não saber que
havia sempre essa possibilidade?

Hoje não, pensou ele. Hoje não.
Encontraram alguns outros sobreviventes do ataque das irmãs Madames
contra a unidade de Rhodey, e os estabilizaram no saguão de entrada. Fury
deixou a equipe tomando conta dos feridos e foi com Happy de volta à área de
testes. Ficaram de olhos abertos para a cor verde, mas não havia sinal da
Madame Hidra remanescente.
Na área de testes, Fury tentou contatar Tony, mas não teve resposta.
– Pepper – disse. – Com esse controle imediato, Tony devia poder receber
sinais no mesmo instante de qualquer lugar do mundo, certo?
– De qualquer lugar que tenha cobertura de satélite. O que, sim, é em
qualquer lugar.
– Então ele simplesmente não está respondendo.
– Isso, Nick. Ou está morto, e estamos aqui só esperando Zola aparecer e nos
transformar em clones. – Pepper virou-se para Happy. – E você. Que diabos está
fazendo aqui? Devia estar no hospital.
– Pep, oi, eu tinha que ajudar. Nunca fugi de uma briga na vida.
– Pensei que estivesse morto, Happy. Pensei que estivesse morto, pensei que
se você não levasse um tiro dentro daquele helicóptero, alguém pensaria que você
era um clone ou que você desapareceria, porque vai saber o que esse Zola ia
fazer… – Ela se conteve no exato momento a partir do qual, caso continuasse,
começaria a chorar. Após respirar profundamente para se recompor, Pepper
concluiu dizendo: – Acho bom nunca mais roubar um helicóptero.
– Prometo – disse Happy. Um sorriso pequeno apareceu no rosto dele, o que
Fury pensava ver pela primeira vez. Estava tudo quase acabado. Assim que
recebessem notícias de Tony, teriam certeza.
Ele contatou o controlador de voo da S.H.I.E.L.D. para pedir maiores
informações.
– Havia um objeto voando muito rápido pra cima alguns minutos atrás – disse
ele. – A assinatura era uma bagunça, todo tipo de material, e a forma não era do
tipo de coisa que poderia se mover tão rápido assim contra a gravidade. Então,
devia ser ele. Altitude atual é, vamos ver… tenho aqui 121 quilômetros. Já
chegou à termosfera. Frio pra caramba lá; espero que esteja usando blusa de lã.
– Sinais ativos? – perguntou Fury. – A armadura está funcionando?
– General, odeio ter que dizer isso, mas Tony vem fazendo tudo que pode pra
tornar os sinais de suas armaduras o mais confusos possível durante os últimos
anos. Estou recebendo sinais sim, mas não sei o que significam. Tem um outro
corpo lá junto. Não sei dizer o que é.

Zola, pensou Fury.
– Mantenha-me informado. A cada segundo. Da próxima vez que Tony se
mover ou fizer algo que indique que está vivo, me avise.
– Sim, senhor.
– E enquanto espera, acha que pode enviar paramédicos para cuidar dos
agentes feridos da S.H.I.E.L.D., já que você também trabalha para a S.H.I.E.L.D.?
– Fury sentiu sua temperatura subir novamente perante a covardia de certos
elementos do governo que, assim que a extensão dos poderes de Zola fora
demonstrada, selaram a batalha toda e passaram a fingir que não estava
acontecendo nada. Quantas vidas isso lhe custara?
– Qual é a situação de combate aí, general? Tenho um conjunto específico de
instruções de Você-Sabe-Quem.
– Sei quem. Nossa situação de combate resume-se a um inimigo desaparecido.
O restante caiu no confronto, exceto uma dúzia de feridos. E Zola, cujo estado
atual é desconhecido para qualquer pessoa do mundo exceto ele mesmo e Tony
Stark. O que precisa saber é que temos 31 agentes da S.H.I.E.L.D. feridos e não
podemos salvar a todos com uma porcaria de kit de primeiros socorros. Agora
posso saber se você vai enviar uma equipe de paramédicos?
– As instruções são específicas, general. Sinto muito. Sabe que eu o
faria se
pudesse.
Fury fez um aceno de cabeça, apesar da comunicação resumir-se a áudio.
– Claro. Sei que o
faria. Sei o que várias pessoas fariam se pudessem. 


 O comando da S.H.I.E.L.D. que queria ver Happy Hogan desarmado e
imobilizado chamava-se Kirk MacFarland. Fora recrutado pela S.H.I.E.L.D. dos
SEALs da marinha, aos 24 anos, cinco anos antes, e era leal a Nick Fury como era
ao próprio pai. Tendo os clones da Hidra sido todos derrubados, ele estava
ajudando a levar os feridos para a área de testes, onde as grandes portas
permitiriam um acesso mais fácil aos helicópteros dos paramédicos… se e quando
eles viessem. Quatro soldados da S.H.I.E.L.D. sacudiam a picape incendiada sobre
suas molas, juntando impulso para um empurrão final que viraria o veículo para
longe da porta. A caminhonete gemeu e soltou um fedor horrendo. Kirk sentiu
uma pontada no estômago. Ele trouxe uma maca para a área aberta, perto da
plataforma de carregamento, e estava a caminho da entrada, para buscar o
último sobrevivente da equipe do capitão Rhodes, quando viu Happy Hogan – o

que parecia mais velho, o que disse ser o verdadeiro – apontar o rifle na nuca de
Nick Fury.
• • • •
Happy admirou as ruínas da área de testes, pensando que Tony teria muito
trabalho pela frente quando voltasse. Começava a surgir luz no céu. Os pássaros
cantavam. Happy percebeu que estava mais cansado do que já estivera na vida.
As equipes de busca mandaram relatórios, uma por uma, dizendo ter encontrado
uma tonelada de clones da Hidra e agentes da S.H.I.E.L.D., as a segunda Madame
Hidra não se encontrava em lugar algum.
– Acha que ela fugiu? – Pepper disse. – Pra onde iria?
Happy deu de ombros.
– Não sei. Talvez Zola tivesse um esconderijo planejado. Mas se ele não está
mais por perto, não sei o que ela ia fazer.
Foi quando as últimas palavras deixaram sua boca que ele viu um lampejo de
verde sob o encerado azul que cobria a torre do servidor, e o movimento
inumanamente ágil da Madame Hidra correndo na direção de Nick Fury, que
consultava um de seus líderes de equipe para certificar-se de que sabia
exatamente o que tinha acontecido a todos os seus homens. Um jorro final de
adrenalina percorreu o sistema nervoso de Happy. Ele ergueu o cano do rifle na
direção de Fury, acompanhando o borrão verde que era Madame Hidra, e atirou.
Ao mesmo tempo, Kirk MacFarland ergueu seu rifle o mais alto que pôde
antes de disparar. Era um atirador excelente, e mesmo naquelas condições –
fumaça, cansaço, posição ruim de tiro e alvo em movimento –, ele normalmente
esperaria acertar um de três tiros naquela distância. Acertou Happy duas vezes.
Pepper gritou e Fury pulou por cima do corrimão, bloqueando a linha de fogo
de Kirk.
– Cessar fogo! Cessar fogo agora, soldado!
MacFarland assimilou a verdade da situação assim que puxou o gatilho.
Percebendo que era tarde demais, o comando fez uma expressão de choque.
– Oh, Deus. General, eu não sabia. Pensei que…
Alguém gritou por um médico. Na plataforma do terminal de controle,
MacFarland viu Happy chutando e tateando, tentando levantar-se.
– Abaixe esse focinho! – gritou Fury. MacFarland foi adiante, largou o rifle e
deu um passo para trás.
– Pensei que… – ele começou novamente a dizer.

Fury o cortou, erguendo a mão.
– Eu sei. Eu sei. Não foi culpa sua. A noite foi longa pra todos nós. Mas agora
o
show acabou, e ninguém mais tem que levar tiro.
Ele deu as costas a MacFarland, lutando contra o impulso de demitir o soldado
ali mesmo. Era um momento perigoso, logo após um tiroteio. Todo mundo sempre
acha que vai aparecer mais um alvo… e, nesse caso, apareceu, só que não o alvo
que MacFarland pensou ter visto. Foi um erro grave, mas compreensível. Fury
questionou o médico.
– Levou um no braço, outro pouco acima do quadril – disse ele casualmente. –
Dá até pra sair andando.
– Que tal eu te dar uns tiros pra vermos o quanto você vai querer andar? –
disse Happy entre dentes.
Fury acionou o canal de comunicação com o controlador de voo.
– Todos os inimigos derrubados. Acha que pode evacuar o local e tratar todos
esses soldados feridos que temos aqui?
– Confirme a eliminação dos agentes da Hidra – disse o controlador.
– Sim – disse Fury, sem preocupar-se em esconder a amargura que sentia. –
Confirmo. Podem entrar, é seguro. – Ele fechou o canal e olhou ao redor. – Agora,
cadê o Tony?
  

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