sábado, 5 de novembro de 2016

CONSCRITO 758

COMO SURGIRAM AS ESTRELAS


Tudo começou quando um grupo de mulheres andava na floresta socando
milho para fazer pães e bolos para os seus maridos, que estavam na caça. Um
indiozinho que estava por ali surrupiou da mãe boa parte do milho e fugiu,
escondido. Ao chegar em casa, pediu à avó que preparasse um pão de milho
para ele e seus amiguinhos.
O bolo foi sovado e assado, e as crianças comeram até se fartar! Depois,
com medo de serem punidos, resolveram cortar a língua da vó para que ela não
pudesse denunciá-los.
Em seguida, fugiram para a mata, onde amarraram uns nos outros todos os
cipós que encontraram pendurados nas árvores.
– Chamem o colibri! – gritou um deles.
O colibri surgiu, pequenino, batendo as asas.
– Tome esta ponta no bico e suba até o mais alto céu! – ordenou o garoto.
A avezinha tomou a ponta do cipó gigante e subiu até sumir nas nuvens.
Imediatamente, os indiozinhos começaram a subir pela corda, enquanto o
colibri a sustentava do alto.
Neste meio-tempo, as mães já tinham chegado à taba e descoberto o que
tinha acontecido. Ao olharem para longe, avistaram os meninos subindo aos céus
pelo cipó.
Juntas, correram para a mata pedindo a eles que descessem, pois temiam
que caíssem. Ao verem que eles não desceriam jamais, as mulheres puseram-se
a subir pelo mesmo cipó.
De repente, um som pavoroso ecoou nos céus e a corda caiu, trazendo
junto todas as mães. Antes, porém, de chegarem ao chão, elas transformaram-se
em feras, e foi assim que passaram a viver sobre a terra. Os indiozinhos, por sua
vez, como já estavam no céu, não conseguiram mais voltar. Desde então são
obrigados, com seus olhinhos brilhantes, a assistir lá de cima o desfile perpétuo
das mães convertidas em animais ferozes.
 
 

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