domingo, 6 de novembro de 2016

CONSCRITO 801

BRUXA


Personagem onipresente em todos os recantos assombrados do mundo, a
bruxa, no Brasil, também conheceu uma próspera divulgação. Modelo do qual
partem todas as suas parentas – das quais, por aqui, a Cuca parece ser a mais
famosa –, de modo geral ela surge com o aspecto clássico da velha horrenda
trajada de negro, o nariz comprido com verruga na ponta, olhos remelentos,
vassoura em punho, o gato preto ao pé, o caldeirão fumegante etc.
Esta, porém, é a bruxa clássica europeia. A nossa tem alguns adendos
particulares desconhecidos da maioria das pessoas.
Nem todos sabem, por exemplo, que a bruxa tem o poder de se
transformar em coruja, morcego, ou mesmo em uma mariposa negra. Poucos
de nós sabem, também, que a sétima filha de sete irmãs está fadada a ser bruxa.
Também é parcamente sabido – especialmente nas regiões urbanas,
lamentavelmente desinformadas destas questões transcendentes – que a bruxa
tem o poder de se infiltrar nas menores frestas, não adiantando, por isso, passar a
chave na porta sem meter algodão nas frinchas.
Crianças de até sete anos que ainda não receberam o batismo são um dos
alvos prediletos dessa criatura nojenta, pois ela adora sorver o sangue de bebê
pagão.
Segundo a crendice, há uma maneira infalível de se identificar uma bruxa:
se ela cumprimentar sempre com a mão esquerda, podemos estar certos de se
tratar de uma das concubinas do Diabo, mesmo que a criatura se apresente com
uma adorável aparência.
No norte do Brasil, não se diz bruxa, mas “feiticeira”, o que não diminui
em nada a sua periculosidade. Felizmente, por lá, não acontecem os famosos
sabás noturnos, nos quais as bruxas, montadas nuas sobre vassouras, cruzam os
céus, tendo ao fundo a silhueta prateada da lua.
Para defender-se da bruxa, os estudiosos indicam uma série de talismãs. A
estrela de cinco ou seis pontas, as palhas secas do Domingo de Ramos, postas em
cruz, ou então um molho de fios, que a bruxa não pode deixar de contar antes de
operar os seus males, são os mais lembrados. Muito útil, também, é espalhar
facas ou tesouras abertas, além de punhados de sal, por toda a casa.
  

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